sexta-feira, setembro 01, 2006

A Europa, o Líbano e o Iberismo...

… ou a confirmação das diferenças entre os 4 grandes e os contínuos bicos-de-pés de um dos quase-grande?
Uma vez mais uma questão externa veio pôr a nu os grandes problemas da União Europeia. Ou seja, cada país, cada sentença, cada chefia.
Desta vez e porque a OTAN/NATO não se quis envolver – falemos mais correctamente, porque os EUA não podiam se envolver por serem juízes em causa própria – foi a União Europeia (UE) quem decidiu acolher e engrossar as forças das Nações Unidas para o Líbano (FINUL) em conjugação a outros países de menor “interesse político” para a zona mas não “interesse filosófico”: países islâmicos, como a Turquia, o Paquistão, a Indonésia e o Bangladesh.
Depois de várias conversações internas, de avanços e recuos, e de muitos eu ponho, tu pões e eles não põem, países como a França e a Itália, primeiro esta e depois aquela, acabaram por lá se resolver a enviar tropas para a zona da Resolução 1701/06 das Nações Unidas.
Dois grandes avançaram e dois grandes não. Por outras palavras, França e Itália vão estar presentes, enquanto o Reino Unido – já tem com que baste no Iraque – e a Alemanha, não. Apoiam financeiramente e chega.
Outros países decidiram, também, avançar com apoios à FINUL e aumentar o contingente europeu. Entre eles, dois quase-grandes, a Espanha – um caso já genético –e a Polónia, e alguns pequenos, como os casos de Portugal, Bélgica e Finlândia.
Até aqui nada de especial se não fosse o já caricato sistema de “se ele vai eu também vou e quero a chefia” – foi o que se passou com a França, primeiro, sim depois não e, por fim, quando a Itália avançou e requereu a chefia, voltou a avançar.
Como a Espanha tem provado ser um bom aluno da União Europeia, e porque teve sempre relações privilegiadas com os países árabes da zona – foi o único que não sofreu com o boicote petrolífero de 1973/74 e outros posteriores – está a exigir para si o comando de uma parte das forças europeia-onusianas no local.
E adivinhem quem irá acolher sobre a sua tutela – já no Iraque também esteve sob tutela de terceiros (de italianos e de britânicos) esses mesmos, os portugueses – tal como polacos, belgas e finlandeses, pelo menos. Exacto, acertou. A Espanha.
Pois os castelhanos que têm mostrado uma forte iniciativa pró-fortaleza europeísta – os imigrantes ilegais que o digam – aprestaram-se já a afirmar que irão comandar um dos agrupamentos onusianos e que os portugueses farão parte desse agrupamento que, em princípio, irão para a região mais problemática do Líbano: a região do vale de Beka e das encostas dos Montes Gola; ou seja, aqueles que mais visibilidade darão ao comando e ao poder espanhol (castelhano).
Assim, sem mais. Será?
Quando questionado, o Ministro da Defesa português, muito diplomaticamente, afirmou não ter informações definitivas.
Reafirmo: “não ter informações". Não disse, isso não será possível porque Portugal e Espanha têm interesses e análises políticas da região totalmente diferentes. Não! “ainda está a ser objecto de negociações”.
Se isto não é a subserviência iberista, tão desmentida por deficiente interpretação, então já não sei o que seja.
Esperemos e veremos…

Eugénio Costa Almeida
http://pululu.blogspot.com
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