segunda-feira, dezembro 17, 2007

A Europa e o Kosovo

A regularização da crise do Kosovo será um teste decisivo sobre a capacidade dos Europeus de ter uma palavra a dizer sobre os assuntos internacionais. Divididos e impotentes perante os conflitos mortíferos que têm acompanhado a ex-Jugoslávia, é necessário agora mostrar vontade de assegurar por si mesmos a estabilidade dos Balcãs. Como recordou Nicolas Sarkozy em Bruxelas, Sexta-feira 14 de Dezembro, não cabe nem aos Russos nem aos Americanos resolver a questão do Kosovo, mas sim aos Europeus.

O problema é não haver acordo sobre o futuro estatuto da província. Para a maioria, a independência do Kosovo é inegável e é necessário tudo fazer para que a transição se efectue pacificamente, no respeito dos direitos de todos.
Para uma minoria de Estados-Membros, como a Espanha, a Eslováquia, a Roménia ou Chipre, esta perspectiva é inaceitável porque incentivaria acções por toda a parte onde se desenvolvem movimentos nacionalistas.

Os chefes de Estado e de governo no entanto tiveram êxito a entender-se sobre alguns pontos. O primeiro é que as negociações entre a Sérvia e o Kosovo estão num impasse e que não serviria de nada, como pedem os Russos, prolongá-las. O segundo é que o status quo "não é suportável". O terceiro é que a Europa tem um papel fundamental na busca de uma solução.

Os Vinte e sete atingiram um passo importante, ao chegarem a acordo, apesar das reservas de Chipre, sobre o envio de uma força civil, formada por polícias e magistrados, encarregue de auxiliar as autoridades kosovares.
Ao mesmo tempo, para acalmar a Sérvia, pretendem acelerar o seu caminho para a União Europeia, dispostos a atenuar, sem o declarar, algumas exigências.
Tentando não confundir a procura dos criminosos de guerra e o processo de adesão, o Sr. Sarkozy deu a impressão que a UE não reclamava com tanta insistência a cooperação plena de Belgrado com o Tribunal penal internacional da Haia. Não é o único. Vários países pedem a assinatura rápida de um acordo de associação e de estabilização com a Sérvia, primeira etapa para a abertura de negociações de adesão, para que esta não se desvie da Europa.

É compreensível que os Europeus explorem todas as vias que permitirão atenuar a crise sem provocar novos confrontos. Pode admitir-se que se esforcem para incentivar as forças democráticas na Sérvia nas vésperas de uma eleição presidencial. Mas não será aceitável que a busca de um acordo implique o abandono dos princípios de justiça que são um fundamento da própria União.

Editorial Le Monde 16/12/2007

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