A chanceler alemã Angela Merkel, que preside actualmente à UE, o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, e o presidente do Parlamento Europeu, Hans-Gert Pöttering, assinaram a Declaração de Berlim, que fixa 2009 como o ano para a aprovação de um novo tratado europeu, depois do falhanço na aceitação da Constituição Europeia nos seus moldes anteriores.A declaração foi assinada no majestoso Museu de História Alemã, na capital alemã, em presença dos chefes de Estado e de Governo dos Vinte e Sete países da União Europeia e visa relançar a Europa, depois da crise institucional provocada pela rejeição do Tratado Constitucional, em 2005, pelos franceses e pelos holandeses, no dia em que se comemoram os 50 anos da assinatura dos Tratados de Roma, que deram origem à União Europeia tal como hoje a conhecemos.
A 25 de Março de 1957 assinava-se o Tratado de Roma, que instituiu a Comunidade Económica Europeia (CEE).
Exprimindo-se numa linguagem concisa, a fim de ser entendida por perto de 500 milhões de cidadãos dos países europeus, Angela Merkel saudou os 50 anos de paz e democracia na Europa, e traçou as perspectivas do futuro e os desafios com que se tem confrontado. Merkel sublinhou ainda que os Vinte e Sete países europeus "partilham o objectivo de assentar a Europa em bases comuns, renovadas até às eleições do Parlamento Europeu, em 2009".
Isso significa que os 27 esperam que entre em vigor nessa data um novo tratado que facilite o funcionamento das instituições europeias, e substituindo o Tratado Constitucional rejeitado, em 2005, nos referendos de França e Holanda."Um fracasso seria um desaire histórico", disse Merkel, acrescentando que "quem esperava que após 50 anos dos Tratados de Roma tivéssemos um Tratado Constitucional, ficou desiludido, mas quem esperava que a Europa tenha consciência da necessidade de reforçar a sua constituição interna, vê esse caminho indicado pela Declaração de Berlim".
"A União Europeia precisa de mais competências e de competências mais definidas e tem de garantir que as suas instituições, agora com 27 Estados, sejam eficientes, democráticas e funcionem de forma transparente, porque é muito o que está em jogo", disse a chanceler alemã.
Por sua vez, Durão Barroso afirmou ser necessário dar à Europa capacidade de agir e apetrechar as suas instâncias para os desafios da globalização."Vamos construir todos juntos - Comissão, Parlamento Europeu, Estados membros e cidadãos - um projecto para o século XXI, baseado nos nossos valores comuns", disse o ex-chefe de governo português.
Noutra passagem do seu discurso, Durão Barroso lembrou que a Europa representa a inviolabilidade da dignidade dos seres humanos, a paz e a solidariedade, "e por isso não é apenas um mercado".
"A União Europeia de hoje é cerca de 50 vezes mais próspera" que há meio século, lembrou o ex-primeiro-ministro português. "Juntos podemos alcançar resultados com os quais nem poderíamos sonhar sozinhos (...). Os conflitos do século XX tornaram- nos pequenos, a unidade europeia pode trazer-nos de volta a nossa grandeza", defendeu Barroso."A União Europeia não é um 'poder estrangeiro' a invadir os nossos países. É o nosso projecto comum. A Europa não é 'eles', somos 'nós'. É tentador, mas não é honesto, os políticos nacionais ficarem com todos os louros e atribuírem a 'Bruxelas' todas as culpas", acrescentou Durão Barroso.
Hans-Gert Poettering, presidente do Parlamento Europeu, o outro orador da cerimónia, lembrou que os cidadãos "têm de estar no centro do processo de integração europeia", e que só em conjunto poderão defender os valores europeus. "Se nos considerarmos uma família, a Europa poderá ter um bom futuro", acrescentou Poettering.
Angela Merkel, José Manuel Durão Barroso e Hans-Gert Pöttering assinaram o texto em nome das três instituições da UE que representam.
Os dirigentes de cada país não assinaram individualmente o texto, que não tem valor contratual.
Por seu lado, o chefe do Governo italiano e antigo presidente da Comissão Europeia (1999-2004), Romano Prodi, elogiou os "esforços incansáveis" de Merkel nas negociações da Declaração de Berlim.
A chanceler alemã foi aplaudida por todos os chefes de Estado, numa clara manifestação de apreço pelo desempenho neste processo da Alemanha, que presidente actualmente à UE.
O Conselho Informal dos chefes de Estado e de governo para assinalar o Cinquentenário dos Tratados de Roma termina hoje com um almoço dos líderes, no Hotel de Rome, em pleno centro histórico de Berlim.
À margem da cimeira informal, várias actividades culturais animam Berlim, como uma noite dos museus e uma noite das discotecas e um grande concerto de rock, com Joe Cocker, marcado para hoje à tarde.
Também para hoje está marcada, no centro da cidade, uma manifestação de adversários da globalização contra a realização da cimeira, sob o lema "Não à Europa do Capital".
PUBLICO.PT
Sem comentários:
Enviar um comentário