segunda-feira, setembro 04, 2006

Maré de africanos

Espanha, Itália e Malta pretendem demonstrar aos seus parceiros europeus que a questão da imigração clandestina vinda de África para a costa Sul da Europa é um problema cuja solução não deve passar apenas pelos países de entrada.
Em Maio, após a primeira crise, Madrid obteve ajuda da nova Agência Europeia das Fronteiras (Frontex) para patrulhar a região entre a costa africana e o arquipélago das Canárias, na esperança de dissuadir possíveis imigrantes. Mas apenas quatro países da U.E., França, Itália, Portugal e a Finlândia, aceitaram contribuir.
Franco Fratini, Comissário Europeu para a Justiça e Segurança comprometeu-se a emitir um apelo à solidariedade dos Estados Membros para reforçar a missão do Frontex. Em Bruxelas, um grupo será encarregue de estabelecer uma estratégia comum sobre as questões da imigração, cuja primeira versão será apresentada no Conselho de Ministros da Adiminstração Interna em Tempere, na Finlândia, a 21 e 22 de Setembro.
Por seu lado, Espanha acolherá nas próximas semanas uma reunião com os países mediterrâneos da União, o que se torna cada vez mais urgente, sendo que apenas no mês de Agosto, chegaram à costa espanhola das Canárias mais africanos (4772) do que durante todo o ano de 2005. Desde Janeiro, 18254 pessoas tentaram chegar ao arquipélago. Um número indeterminado perdeu a vida na tentativa.
Este fenómeno não pára de aumentar também em Malta, sobretudo em Lampedusa, uma pequena ilha no Sul da Sicíla. 178 embarcações, com 10400 pessoas a bordo foram interceptadas nos primeiros meses do ano.
O ritmo de chegadas intensificou-se desde meados de Agosto e vários naufrágios causaram a morte a dezenas de passageiros, entre os quais várias crianças.
Uma reunião tripartida entre Malta, Itália e a Líbia terá lugar a 6 de Setembro em La Valetta para avaliar as possibilidades de uma acção comum.
A U.E. não poderá fechar os olhos por muito mais tempo a esta realidade que se passa no seu próprio território, com os seus Estados Membros. A porta de entrada dos imigrantes pode ser uma, mas uma vez cá dentro, as consequências tocam a todos.

1 comentário:

Orlando Castro disse...

A Europa não pode, nem deve, fechar os olhos. Mas, tê-los abertos deve igualmente significar um olhar atento para um continente onde milhares e milhares de pessoas nascem com fome, sobrevivem com fome e morrem com fome.