sábado, agosto 26, 2006

A Europa e o Líbano

O Líbano é o mais recente foco das atenções de todo o mundo. Autor ou refém de uma guerra que, como em todas as guerras, atinge os mais fracos. Importa por isso perceber que país é este, quais as suas relações com a Europa e que fragilidades permitiram que se tornasse o centro de uma guerra que o ultrapassa.
República presidencial, independente desde 1943, com uma população de cerca de 4 milhões de habitantes, a sua constituição data de 1926 tendo sido já várias vezes revista, sendo a mais recente revisão de 1989 que terminou com 15 anos de guerra civil.
É maioritariamente importador e apresenta grandes défices ao nível da balança comercial. A União Europeia é o seu principal parceiro comercial, seguida dos Estados Unidos, da China e da Síria.
O Líbano encontra-se ainda em processo de adesão à Organização Mundial de Comércio, da qual é observador desde 1999. Ao nível das relações externas o Líbano e a Comunidade Europeia estabeleceram relações pela primeira vez em 1977 com a assinatura de um acordo de cooperação entre a Comunidade Económica Europeia e a república libanesa, que entrou em vigor em 1978.
Este país é também um dos mais antigos parceiros da rede euro mediterrânica de parcerias, que assume uma importância estratégica vital para a UE e é uma prioridade nas suas relações externas. Esta parceria inclui três principais áreas de actividade: ao nível político e de segurança, económico e financeiro e social/cultural.
Em relação à actual crise do Líbano as medidas da União traduzem-se, por um lado, num esforço diplomático, necessário mas nem sempre executável, e numa ajuda financeira que ronda para já os vinte milhões de euros para apoiar as vítimas libanesas e os refugiados em países vizinhos.
A nível político só quando o governo libanês tiver total capacidade para exercer a sua autoridade em todo o território se poderá encontrar uma solução definitiva. No entanto, todas as tentativas de cessar-fogo, as visitas oficiais e boas intenções não passarão disso mesmo enquanto as questões de fundo que estão na origem dos problemas não forem encaradas de frente, como fortes ameaças ao mundo ocidental.
O problema que hoje se situa no Oriente estará brevemente bem mais próximo de nós. Mais do que lidar com as consequências deste conflito será necessário tirar dele as devidas ilações. A capa diplomática não pode esconder a realidade do financiamento de grupos terroristas, os interesses financeiros e a hipocrisia de muitas relações entre os estados. Encarar esta realidade agora será a melhor forma de evitar os conflitos do futuro.


Artigo também publicado na secção "Ser Europeu" do

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